18/10/2019
Por Marco Túlio de Sousa
Doutorando em Comunicação (Unisinos)

Foto de Mihaela-Alexandra TudorO Mídia, Religião e Sociedade apresenta sua primeira entrevista internacional. A entrevistada é a professora Dra. Mihaela Tudor, da Universidade Paul Valéry de Montpellier III (França). Em conversa por email, Mihaela abordou a complexa relação entre Igreja Ortodoxa, mídia e a política na Romênia durante o comunismo, bem como as transformações que ocorreram após o fim deste regime. Em um segundo momento, a professora analisou os impactos da internet para a dinâmica religiosa na atualidade, tratando conceitos por ela utilizados, como “multimediatização” e “uberização da autoridade religiosa”. Hoje, trazemos a primeira parte da entrevista, a respeito da problemática “mídia e religião” no âmbito da sociedade romena e sua relação com a Igreja Ortodoxa, maior denominação religiosa do país. A versão integral da entrevista será publicada futuramente, em livro organizado pelo Mídia, Religião e Sociedade. A entrevista e a tradução do francês para o português foi feita por Marco Túlio de Sousa, doutorando em Comunicação pela Unisinos e administrador do Mídia, Religião e Sociedade. A revisão da tradução foi realizada por Kelber Gonçalves, doutorando em Ciências da Comunicação pela Universidade François Rabelais – Université de Tours (França).

 Mídia, Religião e Sociedade: Sua produção intelectual se dedica, sobretudo, a dois eixos de pesquisa: 1) a compreensão da relação entre política, religião e mídia e 2) a midiatização das práticas religiosas. Eu começarei abordando o primeiro ponto. A senhora publicou textos nos quais analisa esta problemática na Romênia. Em um artigo de 2015 , a senhora disse que durante o regime comunista na Romênia (1965-1989), “o Estado totalitário havia imposto uma política de diminuição do papel da religioso e das instituições religiosas na vida política, social e mesmo privada, e colocado no lugar uma regulação estatal dos cultos religiosos por um sistema de cultos reconhecidos, estritamente vigiados”. No entanto, o efeito foi o inverso, a Igreja Ortodoxa, instituição de base da memória cultural, ganhou espaço depois da queda do comunismo aumentando o número de fiéis e também sua participação na vida social. Como a mídia foi utilizada por esta igreja neste projeto de reconstrução do seu papel social na sociedade romena?

Mihaela Tudor: Efetivamente, entre as problemáticas que eu abordo no âmbito dos meus principais eixos de investigação (1. O estudo da religião e das novas religiosidades sob o prisma da midiatização, 2. a secularização/ a laicidade na esfera pública e as novas formas de recomposições da religião sob o impacto das novas mídias), se encontram questões de articulação entre a política, a mídia e a religião. Uma área privilegiada, da qual tudo que eu conheço foi graça às pesquisas de imersão que eu conduzo há anos, a partir de etnometodologias, de entrevistas sociológicas e de abordagens que privilegiam a antropologia da mídia, as teorias da midiatização, os estudos culturais e a Romênia. Trata-se de um país do ex-bloco comunista que tem vivido relações especiais com a mídia. Em um país totalitário, a mídia desempenha, principalmente, o papel de difusora do pensamento único utilizando o arsenal de patologias da comunicação, que não são estranhas às democracias maduras no contexto da ascensão da internet e das redes sociais digitais (as Fake News/ infox[1], as câmaras de eco, mesmo patologias clássicas, mas aumentadas e algoritimizadas).

Para melhor compreender as relações entre as confissões religiosas com a mídia antes e depois da queda do comunismo e, notadamente, os usos que a igreja majoritária ortodoxa faz da mídia, seria necessária uma breve atualização sobre a história das mídias religiosas na Romênia.

Antes da queda do comunismo, em 1989, não havia mais do que poucas publicações religiosas, todas sob o estrito controle do regime totalitário (processo que começa após a Segunda Guerra Mundial – em 1947-1948 – e que termina em dezembro de 1989). O Patriarcado ortodoxo romeno no período comunista editava poucos jornais. Estamos falando somente de mídia impressa. Os outros cultos religiosos no máximo um. Em suma, o princípio geral da política totalitária, aplicável a todos os cultos religiosos reconhecidos pelo Estado, era de limitar a imprensa escrita a um boletim oficial permitindo um controle mais eficaz da imprensa religiosa, considerada como uma “doença a erradicar” (à exceção da Igreja Ortodoxa, confissão cristã dominante, com algumas poucas publicações centrais e um boletim oficial para cada Metropolita ortodoxa[2]). Depois da queda do comunismo, jornais e revistas religiosos surgiram. Eles foram criados e editados não somente pelas confissões religiosas, mas também por grupos de imprensa laicas (sua existência é, contudo, efêmera, assim como de publicações independentes, das quais muitas são posteriores à 1989).

Nos anos 90, quase todos os jornais laicos tinham não somente uma página consagrada a assuntos religiosos, o que era proibido na mídia durante o período comunista, mas também uma página religiosa. Na verdade, a ascensão de publicações religiosas corresponde à explosão da imprensa laica romena no curso da última década do século vinte. A Igreja Ortodoxa, além da imprensa escrita, criou a rádio, o canal de televisão a cabo, satélite e internet no centro de imprensa Basilica do patriarcado romeno. Trinitas, rádio e TV, nasceu em 2007. Sua missão é de preservar a ortodoxia como marca da identidade cultural romena, de apresentar a vida da igreja, seu patrimônio material (notadamente os ícones e os mosteiros) e seus eventos fundamentais, tornando-os acessíveis através dos cultos litúrgicos. Neste contexto pós período totalitário, as mídias da Igreja Ortodoxa não fizeram nada mais do que reforçar e consolidar o simbolismo e a influência cristã ortodoxa, que há séculos configuram e alimentam a sociedade romena. A cristandade ortodoxa está profundamente enraizada no Estado e na identidade nacional romena (Tanase, 2008).

Ainda que a Constituição romena estipule a separação do Estado e da Igreja, o simbolismo religioso da Igreja Ortodoxa é parte integrante, de maneira explícita, de, por exemplo, campanhas eleitorais, da política ou dos eventos públicos (as celebrações laicas dos eventos históricos ligados à formação do Estado-nação romeno, as instituições do Estado, as escolas e universidades públicas etc). Em síntese, a Igreja Ortodoxa romena é a “companheira de estrada” do Estado romeno em questões espirituais, culturais e políticas. Ela encarna, no imaginário da sociedade romena, a garantia da identidade nacional romena que é, sobretudo, a espiritualidade ortodoxa. Esta componente maior da identidade romena nunca foi atualizada nem por políticas, nem pelo conjunto da sociedade romena, nem pelos estudos históricos sobre esta questão.

De resto, esta articulação entre religião-cultura-política não é exclusividade e da Romênia, mas de todos os países. A midiatização do “fait religieux”[3] e a política permitem perceber como isso funciona efetivamente.

 

Mídia, Religião e Sociedade: A senhora publicou outros artigos (IONESCU, BRATOSIN, 2009; TUDOR, 2017, TUDOR, BRATOSIN, 2018) que tratam do papel da mídia para a política e para a religião majoritária na Romênia, ou seja, a Igreja Ortodoxa. Minha questão é a seguinte: quais são os interesses dos políticos e da Igreja Ortodoxa quanto a esta associação político-religiosa no país?

Mihaela Tudor: como evocado anteriormente, a sociedade romena deve sua ordem e sua construção profunda a este fundo simbólico espiritual ortodoxo. Para além do que eu disse em outra oportunidade, este fundo é uma “caixa de ferramentas[4]” em caso de crise política, econômica ou social que continua a funcionar, apesar de uma baixa de confiança na Igreja (68-70%, segundo a média das sondagens feitas em 2018, a Igreja ocupa a terceira posição, na classificação de confiança, depois dos bombeiros e do exército). O Estado e a política se cobrem do simbolismo ortodoxo. Trata-se de fundar a política romena sobre um sistema de convenções simbólicas ligadas à ortodoxia que se institucionalizou com o tempo, que se transformou em um sistema de poder discursivo persuasivo. Assim, na política, a religião conserva por meio da influência da Igreja Ortodoxa um papel de ator ativo. A ortodoxia na Romênia não perdeu seu papel social e político. Ao mesmo tempo, a Romênia tentou modernizar suas instituições segundo lógicas seculares sem jamais consegui-lo.

Além disso, o mundo político e religioso partilham uma cultura comum, ou seja, formas de organização e arranjos institucionais de base, práticas e objetivos profissionais similares. As mídias são reveladoras dessa dinâmica.

Mídia, Religião e Sociedade:  As outras confissões, por exemplo, a Igreja Católica, os Protestantes, os Pentecostais, a Igreja Adventista etc, são igualmente próximos dos políticos da Romênia? Quais são as diferenças de abordagem entre estas instituições em comparação com a Igreja Ortodoxa ?

Mihaela Tudor: Como em outros países do mundo, as confissões minoritárias participam do espaço público e, com mais ou menos visibilidade, do processo de tomada de decisão política. As confissões que você citou fazem sua entrada no processo de participação política através do social, por mídias de todo tipo, com exceção da Igreja Ortodoxa que faz uso da tradição, da identidade e utiliza a mídia para consolidar estes laços e solidariedades simbólicas. Recentemente, devido a associações midiáticas entre corrupção, padres ortodoxos e poderes políticos locais de orientação socialista, a Igreja Ortodoxa se concentra prioritariamente no social tendo as mídias e as plataformas midiáticas digitais como suas difusoras.

Mídia, Religião e Sociedade:  Ainda sobre esta temática, a senhora publicou um texto em 2009 (« Church, Religion and Belief : paradigms for understanding the political phenomenon in post-communist Romania)  e outro em 2017 (Religion, politique et nouveaux médias : lieux d’incarnation des pathologies communicationnelles). Estes oito anos entre a publicação dos dois textos me fizeram pensar nas diferenças de cenário midiático que você analisou. Mais precisamente, eu penso sobre as novas tecnologias, como os smartphones, a ascensão das redes sociais midiáticas. O que as estas novas tecnologias trouxeram de novo a esta relação entre política e religião na Romênia ?

Mihaela Tudor: Tratam-se de três aspectos :

1) a midiatização do religioso desde a emergência da « Igreja Eletrônica » até « o púlpito do facebook e do Twitter » (CUNHA, 2017) fez surgir no espaço público e político romenos novos atores políticos incarnados pelos chefes religiosos, assim como novos ativistas, influenciadores religiosos, que se batem para conquistar e/ ou preservar os domínios da política e do social romenos e incarnar midiaticamente um tipo de (neo)populismo

2) os influenciadores digitais carismáticos e a ascensão de líderes através do apoio de atores religiosos fundada sobre um cristianismo [vindo] « de baixo » (WILLAIME, 2006) alimentou e alimenta o mundo político com líderes, responsáveis pela tomada de decisões e eleitos audíveis.

3) as estruturas do religioso alimentam ainda mais o discurso populista dos políticos e as mídias clássicas e sociais digitais, não só os expõem e potencializam, visto que eles utilizam as mesmas categorias (descrevendo habitualmente os fenômenos religiosos) : culto do líder, a profecia, o milagre e a ação milagrosa, a restauração da soberania do povo (WATERLOT, 2003).

Mídia, Religião e Sociedade: Outra questão sobre este assunto que te interessa muito : as relações entre mídia, religião e política. Li um artigo seu (TUDOR, 2015) no qual a senhora analisa dois modelos de abordagem da religião na televisão pública : o modelo da Romênia, um país em que a tradição ortodoxa é muito forte (86% da população pertence a esta religião), e a França (um país majoritariamente católico, mas profundamente marcado pelas discussões sobre a laicidade). Então, eu gostaria de saber quais são as principais diferenças entre estes dois modelos de televisão pública no que diz respeito à laicidade e, também, à diversidade religiosa de cada país.

Mihaela Tudor: O que me interessava prioritariamente era a efetividade da laicidade e das representações da diversidade religiosa na televisão pública. Logo, quais são as práticas das mídias de serviço público no que diz respeito às representações da diversidade religiosa e, mais precisamente, a respeito das representações da transmissão e da comunicação da fé em dois países europeus dos quais um é fortemente religioso (Romênia) e outro fortemente laico (França). Na França, o princípio da presença das emissões religiosas na antena é interpretado pela neutralidade do serviço público audiovisual em termos de pluralismo (diversidade de opiniões, de ideias, de correntes, de pensamento etc.). Na Romênia, as práticas midiáticas e regulamentação no direito de acesso têm nuances particulares. Mais exatamente, nos programas : « Les chemins de la foi » (Os Caminhos da Fé), transmitido pela televisão pública francesa ; « Univers de la foi » (Universo da fé), transmitido pelo canal público romeno, que apresenta eventos, reportagens, documentários ou missas cristãs emanando quase que somente o culto dominante ortodoxo (outras presenças através dos gêneros jornalísticos sendo tímidas e esparsas : os católicos tinham, às vezes algumas participações, ou os greco-católicos). Há mesmo um « Protocolo de cooperação pela promoção da cultura e identidade nacional », concluído em 2013 entre o Patriarcado romeno e a televisão pública romena, de promover e apresentar no espaço desta emissão ações da Igreja Ortodoxa.  Certamente, promover a identidade nacional e a cultura nacional através de uma perspectiva religiosa exclusiva poderia suscitar questionamentos sobre o respeito à diversidade cultural e cultual e sobre as práticas midiáticas de direito de acesso à televisão pública romena por parte das diferentes correntes religiosas (sobretudo pelo fato de que a Igreja Ortodoxa tem suas próprias mídias, entre as quais a rede de televisão Trinitas TV, que colabora estreitamente com a televisão nacional). Digamos, há um desequilíbrio de acesso e uma perspectiva totalmente diferente no tocante ao resultado do que é colocado em prática e o respeito à laicidade francesa e romena.

Notas

[1] Nota de tradução: trata-se de um neologismo francês que tem o mesmo sentido de Fake News (falsa informação). Surge a partir da combinação de duas palavras: informação + intoxicação.

[2]  a Metropolita corresponde a uma unidade territorial das igrejas ortodoxas similar à arquidiocese no contexto católico romano.

[3] Nota de Tradução: preferimos manter o original em francês (fait religieux) uma vez que a tradução literal (fato religioso) não contemplaria as nuances de sentido que a expressão possui neste contexto linguístico, no qual se relaciona com as discussões sobre a laicidade na França. Para mais detalhes, sugerimos: Debray, R.. Qu’est-ce qu’un fait religieux? In: CairnInfo, 2002/9, tome 397, pp. 169-180.

[4]Nota de tradução: tradução literal da expressão “boîte à outils”, que significa, neste contexto, uma reserva, um conjunto de recursos que se pode acessar.

TEXTOS DA AUTORA CITADOS NA ENTREVISTA

TUDOR. M. A., BRATOSIN, S.. The Romanian Religious Media Landscape: Between Secularization and the Revitalization of Religion. In : Journal of Religion, Media and Digital Culture, 7, 2018, 223-250.

TUDOR. M.A., Religion, politique et nouveaux médias : lieux d’incarnation des pathologies communicationnelles. In : TUDOR, M.A. ; CLITAN, G., GRILO, M. M… Politique et religion au défi de la communication numérique. Ouvrage issu d’une sélection des travaux du 21e et 22e Colloque bilatéral franco-roumain en Sciences de l’information et de la communication, Université de l’Ouest de Timisoara (Roumanie), 2017.

TUDOR, M.A.. Représentation de la Diversité Religieuse à la Television Publique. In: BRATOSIN, S.. (org.). Médias, Spiritualité et Laïcité: Regards Croisés Franco-Roumains. Les Arcs: Iarsic, pp. 43–60, 2015.

IONESCU, M., BRATOSIN, S. Church, Religion and Belief: Paradigms for Understanding the Political Phenomenon in Post-Communist Romania. Jornal for the Study of Religions and Ideologies, vol 8, n 25,2009.

TEXTOS CITADOS PELA AUTORA NA ENTREVISTA

CUNHA, Magali do Nascimento. Do Púlpito às mídias sociais. Evangélicos na política e ativismo digital. Curitiba: Prismas, 2017.

TANASE, L.D.. Pluralisation religieuse et société en Roumanie. Bern: Peter Lang, 2008.

WATERLOT, G.. La composante religieuse du populisme. In CHÊNE et al., La tentation populiste au cœur de l’Europe, Paris, La Découverte, p. 77-88, 2003.

WILLAIME, J.P.. La sécularisation : une exception européenne ? Retour sur un concept et sa discussion en sociologie des religions. In : Revue française de sociologie. 47(4): 755-783, 2006.

PARA CITAR ESTA ENTREVISTA

TUDOR, M. A.. Mídia, política e Igreja Ortodoxa: entre a secularização e a revitalização da religião no contexto pós-comunismo da Romênia – Entrevista com Mihaela Tudor [18/10/2019]. Mídia, Religião e Sociedade (site). Entrevista concedida a Marco Túlio de Sousa. Disponível em: https://midiareligiaoesociedade.com.br/2019/10/18/midia-politica-e-igreja-ortodoxa-entre-a-secularizacao-e-a-revitalizacao-da-religiao-no-contexto-pos-comunismo-da-romenia-entrevista-com-mihaela-tudor// . Acesso:

SOBRE A ENTREVISTADA

Mihaela Tudor é doutora em Sociologia da Economia e graduada em Ciências da Comunicação e Informação pela Universidade de Toulouse Jean Jaures da França. É professora da Universidade Paul Valery de Montpellier. É membro do grupo de pesquisa CORHIS, sendo responsável pelo eixo “Comunicação e Transformação Social”, e também do IARSIC (Institute for Advanced Religious Studies and Communications Internetworking), onde atua como diretora das edições IARSIC. É editora executiva do periódico Essachess – Journal for Communication Studies. Sua pesquisa foca no estudo da comunicação da fé em espaços (multi)midiáticos da esfera pública, comunicação simbólica e uso de novas tecnologias da comunicação pela religião.

Conheça textos de <<<Mihaela Tudor>>> publicados no Mídia, Religião e Sociedade.

A entrevista integral desta entrevista será publicada em obra organizada pelo Mídia, Religião e Sociedade. Acompanhe as atualizações nossa página no facebook e não perca as novidades.

 

Marco Túlio de Sousa
Marco Túlio de Sousa
Doutor em Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), mestre em Comunicação pela UFMG e graduado em Comunicação (Jornalismo) pela UFJF. Criador do grupo "Mídia, Religião e Poder" no facebook e do blog "Mídia, Religião e Sociedade". Desenvolve pesquisas sobre experiência religiosa e mídia.

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