Luís Henrique Marques
RESUMO
Este estudo tem como objetivo central apresentar de que forma as seis hagiografias
hispano-visigodas escritas e até hoje preservadas, foram utilizadas no processo de
difusão/comunicação do cristianismo na Espanha visigoda (séculos V a VIII) e, em
especial, nos seus meios rurais, cujo contexto cultural religioso era caracterizado, entre
outros fatores, pela aculturação entre a recém-assimilada fé cristã e as crenças préromanas
e romanas. Foram analisadas as seguintes hagiografias: Vida de Santo
Emiliano, de Bráulio de Saragoça; Vida de São Frutuoso, de autor anônimo; Vida de
São Desidério, de Sisebuto; Vida dos Santos Padres de Mérida, também de autor
desconhecido e as versões de Isidoro de Sevilha e Idelfonso de Toledo para a obra De
viris illustribus. Realizada à luz da Análise do Discurso Crítica e contextualizada a
partir da historiografia sobre o tema, a análise privilegiou A Vida de São Milão por seu
âmbito rural, com a qual as demais hagiografias foram cotejadas, tendo demonstrado a
fragilidade do processo de cristianização da Igreja visigoda e sua tendência a atuar em
prol das relações de dominação em nível social, político, econômico, cultural e,
portanto, religioso.
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