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SOBRE A TECNOSSACRALIDADE: imaginário cultural e dogmatização mercadológica nas ações comunicacionais da Apple inc

Dissertação - Cultura Midiática e Religião
Leonardo de Souza Torres Soares

Resumo

Esta pesquisa está centrada na tecnossacralidade; na relação entre o sagrado, técnica e tecnologia; e sua presença no cenário comunicacional contemporâneo. O problema que motiva a pesquisa é: em que medida o atual contexto sócio-histórico proporciona que empresas produtoras e distribuidoras de produtos e serviços de tecnologia de comunicação se apropriem de conteúdos do imaginário cultural e os ressignifiquem de tal maneira que mercadorias tecnológicas e suas funções comunicacionais sejam percebidas como sagradas e portadoras de poderes metafísicos? E ainda, quais são as consequências desta apropriação? A hipótese sugerida é que o imaginário tecnológico, elaborado por narrativas da propaganda e da publicidade, vislumbra a tecnologia com uma perspectiva religiosa, vampirizando imagens potencialmente sagradas/mágicas/místicas. A técnica moderna (tecnologia), especificamente as tecnologias de comunicação, utilizada pela lógica do mercado capitalista, é instrumento de dogmatização mercadológica. Para responder tal problemática supracitada e examinar as suposições elencadas, elegeu-se como objeto de pesquisa a corporação multinacional Apple Inc.. Para investigar a questão, o trabalho percorre dois momentos metodológicos. O primeiro passo da pesquisa consiste na coleta e análise das narrativas verbais e visuais de documentários, filmes, sites, livros e biografias especializadas a respeito da Apple e de seu cofundador Steve Jobs, no período de oito anos (2007 a 2015). Busca-se, neste corpus, a investigação dos elementos que constituem a construção simbólica da tecnossacralidade proposta, a partir de uma análise descritiva, a fim de entender como tal articulação é projetada e construída, interessadamente, pela comunicação mercadológica. Em um segundo momento, a partir das reflexões teóricas de Jorge Miklos (2010; 2012; 2015), Edgar Morin (2011; 2012), Chevalier& Gheerbrant (2015), Joseph Campbell (1997; 2004), Mircea Eliade (1992; 2010), Carl Gustav Jung (2008; 2012), Leroi-Gourhan (2007), Reginaldo Prandi (2001), Max Weber (1957; 1964; 1968; 1982; 2015), Antônio F. Pierucci (2013), Theodor Adorno e Max Horkheimer (1985), Malena Contrera (2002; 2006; 2010), Eugênio Trivinho (2001), Francisco Rüdiger (2006), Martin Heidegger (2007), Erik Davis (1998), David Noble (1999), Muniz Sodré (2013), Neil Postman (2006), Walter Benjamin (2013), entre outros, pondera-se a respeito da construção de um imaginário tecnológico mediático que se apropria de conteúdos arcaicos do imaginário cultural para abonar e adornar práticas mercadológicas por meio de uma propagação da sacralização da tecnologia, especificamente, a de comunicação.

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