O presente trabalho desenvolve-se a partir da perspectiva apontada por Gilbert Durand acerca do iconoclasmo produzido pela conjunção entre o pensamento advindo das grandes religiões monoteístas e a filosofia fundada nos processos da Razão, a qual acaba conduzindo ao paradoxo da proliferação das imagens presentes no cotidiano, produzidas por máquinas constituídas pelo conhecimento tecnocientífico, vertente operacional do pensamento racional. Diante deste quadro, discute-se o conceito Horkheimer relacionado ao eclipse da razão, a partir do qual é proposta a perspectiva de uma razão instrumental que opera no âmbito da duração das imagens e, consequentemente, implicando na redução da potência imaginativa a elas vinculada, o que redunda em um quadro de equivalência, apontando para a emergência de um consequente imaginário instrumental. Em seguida passamos ao corpus formado de conceitos e imagens vinculadas à religiosidade afro-brasileira, em especial a Umbanda, com a finalidade de discutir a validade conceitual da perspectiva anteriormente apresentada. Para tanto, são adotadas como referenciais teóricos as contribuições de Gilbert Durand e de Malena Contrera acerca da imagem e do imaginário, de Max Horkheimer acerca da Razão e de Muniz Sodré e Lilia Moritz Schwarcz com relação ao imaginário afro-brasileiro. Conclui-se que o processo de assimilação de valores culturais africanos no âmbito da cultura brasileira se dá justamente a partir do rebaixamento da potência vinculada ao imaginário originalmente vinculado a tais grupos, redundando em um imaginário instrumental.
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