Por Marco Túlio de Sousa

Capa do livro de Notker Wolf.

O Mídia, Religião e Sociedade estreia sua nova sessão de resenhas com a obra “Para onde peregrinamos?” que nos foi disponibilizada pela Editora Vozes.

“Para onde Peregrinamos?” é de autoria do teólogo e monge beneditino Notker Wolf. Wolf ficou conhecido internacionalmente pelo seu trabalho enquanto promotor do diálogo inter-religioso quando abade primaz de sua ordem, por obras, como, “Dê tempo a si mesmo…”, “A arte de liderar pessoas” e “Sete pilares da felicidade” e também por seu jeito irreverente (ele é guitarrista da banda de rock Feedback).

Essas três características são perceptíveis em seu livro. Wolf trata da peregrinação de maneira divertida e didática a partir de relatos de peregrinos da idade média, de seus contemporâneos e das suas próprias vivências. Embora os exemplos tratem especificamente do âmbito cristão, faz-se um esforço no sentido de reconhecer a importância desta experiência para outras vertentes religiosas ou mesmo para os que peregrinam sem se identificarem com uma religião específica.

“Para onde peregrinamos” é pergunta que o autor se faz e que inquieta o leitor do início ao fim. Wolf propõe ver a vida como uma peregrinação, uma busca pelo Sagrado repleta de dificuldades, dúvidas e esperança. Para tanto, recupera narrativas de peregrinos medievais que foram a Santiago de Compostela, Jerusalém e Roma, como Margery Kempe e Arnold von Harff, para os quais o peregrinar implicava um risco de vida permanente. Assaltos, hospedeiros, comerciantes e mercadores de relíquias desonestos eram perigos que se mesclavam com outras dificuldades (línguas, comidas e costumes estranhos) que diariamente faziam parte da vida do peregrino medieval.

Os séculos se passaram e o interesse pela peregrinação não diminuiu. Pelo contrário, dados oficiais da diocese de Santiago de Compostela mostram que ano a ano mais pessoas chegam à cidade da Galícia. Este peregrino da contemporaneidade muitas vezes não está interessado nos milagres ou em um itinerário de orações e penitências, como os peregrinos medievais. A despeito das diferenças, mantêm-se como características que compõem o ser peregrino uma disposição de se abrir ao que é diferente, a experiência comunitária da convivência com pessoas e realidades tão distintas das suas e a vivência do (re-)encontro consigo mesmo. O peregrinar ontem e hoje leva a um descentramento, um esvaziamento de si, e a um posterior retorno a um eu transformado. Um novo eu que não se deixa dominar pelas pressões do mundo contemporâneo e que se alinha a um modo de vida em que prevalece o cuidado consigo e com os outros.

Ao trazer relatos de suas próprias experiências como missionário e as histórias de amigos peregrinos, Wolf propõe ver a vida como uma peregrinação, uma busca de si por meio Deus. Nos caminhos que seguimos o questionamento que abre o livro nos acompanha para além dele: para onde peregrinamos?

 

Detalhes Técnicos

Editora: Vozes

Código ISBN: 9788532643858

Formato: 13.7X21 cm

Acabamento: Brochura

Peso: 0,294 kg

Número páginas: 240

1ª edição

Ano de lançamento: 2012

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Marco Túlio de Sousa
Marco Túlio de Sousa
Doutor em Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), mestre em Comunicação pela UFMG e graduado em Comunicação (Jornalismo) pela UFJF. Criador do grupo "Mídia, Religião e Poder" no facebook e do blog "Mídia, Religião e Sociedade". Desenvolve pesquisas sobre experiência religiosa e mídia.

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  1. […] de “Para onde peregrinamos?“, de Notker Wolf, hoje comentaremos o livro “Peregrinos e peregrinação na Idade […]

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